quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

UFC - ROGER GRACIE - ENTREVISTA PARA GRACIEMAG

   
Roger solta o pisão em Anthony Smith no Strikeforce derradeiro, em 12 de janeiro.
Foto: Strikeforce/Divulgação.

Confira entrevista concedida à GRACIEMAG pelo genial Roger Gracie


Professor radicado em Londres, Roger Gracie vive um momento especial.
Contratado pelo UFC em janeiro, o peso médio de 31 anos aguarda para daqui a dois meses o nascimento de sua primeira filha, Maya. Enquanto a irmãzinha do pequeno Tristan não vem, Roger começa a planejar sua rotina para uma nova etapa na carreira: a vida como atleta do UFC.
Por telefone da Inglaterra, o tricampeão mundial absoluto de Jiu-Jitsu falou dos planos, detalhou o katagatame que o levou ao UFC e o que muda na sua carreira daqui para a frente.

GRACIEMAG.com: Primeiro, o inusitado. É verdade que por pouco um azulejo escorregadio não nocauteia você antes mesmo da luta começar?

ROGER GRACIE: Verdade. Foi algumas horas antes da pesagem no Strikeforce em Oklahoma, no dia 11 de janeiro. Eu estava na minha última sessão de sauna e banheira para bater o peso e escorreguei, caí de cara no chão. A testa abriu e ficou um corte grande. Minha sorte é que saí da jacuzzi já no peso, se precisasse voltar para suar mais seria complicado com o corte. O Renzo (Gracie, primo) rapidamente me tranquilizou e partiu para comprar superbonder na farmácia. Colamos a testa, pus um bandeide discreto e fui pesar. O médico do Strikeforce desconfiou, mas como parecia um corte de um treino antigo, liberou (risos).

E o que passava na sua cabeça ao entrar para lutar com o Anthony Smith sabendo que o corte iria abrir a qualquer momento?

Pois é, o Renzo me alertou que assim que eu abraçasse o cara, no clinche ou no chão, provavelmente o corte iria abrir. Eu sabia que se ele tocasse ali iria abrir, então isso me obrigou a ser mais rápido no chão. No primeiro round, ele não me acertou, o que me deixou mais tranquilo. No segundo round, quando caí por cima, já senti três gotinhas de sangue descendo. Fiquei um pouco cabreiro, vai que o juiz repara e o médico interrompe… Mas consegui finalizar rápido.

Você só costuma sair da montada na certa no MMA. Sentiu que o golpe estava 100% encaixado?

Quando eu derrubei, eu já comecei a dar pressão nele com meu ombro no pescoço, e pude sentir que a respiração dele já começava a ficar precária. Continuei abafando, encaixei os braços e confiei que ia pegar, e pegou.

Após finalizar você se deu conta de que estava no UFC? Chegou a pensar nisso, não?

Fiquei feliz por ter dado tudo certo. Mas antes mesmo da luta, meu empresário, o famoso Jorge Guimarães, já tinha me deixado bem tranquilo quanto a isso. O “Joinha” conversa sempre com o pessoal do UFC e comentou comigo que eu estava praticamente dentro. Foi ótimo vencer, mas se eu não fizesse uma luta muito ruim acredito que eu estaria dentro. O UFC deve absorver quase todo mundo. Mesmo assim, eu só tenho uma luta restando no contrato, então agora vamos trabalhar para renovar. Depois que assinarmos, vamos pensar em adversários, mesmo porque vida de lutador é aquela rotina, né? Pode ser que eles me chamem para lutar mês que vem, para substituir alguém, ou daqui a quatro meses, nunca se sabe. O que sei é que preciso estar treinado e pronto.

Você está sempre com a cabeça muito calma. O que muda na sua mente agora no UFC?

Hoje não tem mais gaiato no MMA, muito menos no UFC. Então, se escolhi isso para ser parte da minha vida, sei que preciso me dedicar para ser o melhor que eu puder. Se o Strikeforce já era dureza, o UFC é ainda pior, pois o nível é muito maior e existem muito mais atletas na categoria, com jogos diferentes e pontos fortes. A concorrência é muito grande. Achar que com meu Jiu-Jitsu vou entrar ali e finalizar todo mundo é um pouco de exagero. Preciso treinar muito, aprender mais e melhorar em diversos aspectos.

Isso significa uma mudança de rotina de treinos, certo?

Sim, eu entendo que agora preciso de treinos integrais, para não parar de evoluir. Até agora eu ficava satisfeito em ficar treinando sozinho em Londres em boa parte da temporada, mas agora sei que preciso ficar muito mais tempo em Nova York com Renzo ou em Los Angeles na Black House.

Pensa em enfrentar alguém em especial, de repente subir alguns degraus na categoria? Ou não há pressa?

Pressa nenhuma. Quem vier veio. Na real nem dá mais para escolher. No Strikeforce já não dava, no UFC então. No Jiu-Jitsu ainda temos a chance de começar com uma luta aparentemente mais fácil, e ir aquecendo luta a luta. No UFC está arriscado você já fazer sua estreia com um ex-campeão.

O que achou da vitória do Minotouro, com quem você treinou no Rio, na luta com Rashad Evans no UFC 156?

Torci muito e vibrei mais ainda. O Minotouro fez a estratégia certinha e defendeu as quedas muito bem, o que ele mais estava afiando nos treinos. Sempre que tiver a chance e for convidado, vou gostar de treinar com eles por lá.

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