Os resultados do exame antidoping do UFC SP ainda dão o que falar. Thiago
Tavares foi flagrado pelo uso de anabolizantes, e Vitor Belfort obteve
permissão da Comissão Atlética de Nevada para fazer uso de reposição hormonal de
testosterona.
O tratamento rende discussão entre atletas, fãs e especialistas, uma vez que
muitos o consideram uma forma
legalizada de doping, e a TATAME procurou o Dr. Márcio Tannure, diretor
médico da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), para explicar o processo
por trás da liberação do brasileiro.
“Nesse primeiro evento, fizemos em conjunto com o UFC. Participamos da coleta
da urina e orientação dos atletas, e o exame foi feito no laboratório deles,
como é feito normalmente”, explica Tannure, revelando que a CABMMA não
participou da bateria de testes que determinou a necessidade de Belfort em fazer
uso da testosterona.
(Foto UFC)
“A gente pegou os formulários da Comissão de Nevada e mantivemos a decisão
deles. A partir dos próximos eventos (no Brasil), esse processo vai ser feito
com a gente”, ressalta.
Na opinião de Tannure, que no dia-a-dia chefia o departamento médico da
equipe de futebol do Flamengo, o tratamento com reposição hormonal não pode ser
comparado ao doping.
“Usar algo para melhorar sua performance é doping, mas, se o atleta tiver
alguma deficiência e não consegue estar em condições iguais ao outro…
Independentemente de ele ser atleta ou não, é uma condição terapêutica dele. Ele
tem hipogonadismo, tem uma queda de hormônios”, explica o médico. “O cara que
faz a reposição está com os níveis (de testosterona) dentro da normalidade. Quem
já tem os níveis normais e fizer isso, vai estar acima do permitido”.
Lista de TRT cresce – e passado não importa
Atualmente, diversos lutadores de MMA fazem uso da reposição hormonal – a
maioria com mais de 30 anos. Vitor Belfort é o primeiro brasileiro da lista, que
conta com nomes como Chael Sonnen, Dan Henderson, Forrest Griffin, Nate
Marquardt, Shane Roller e Todd Duffee.
(Foto UFC)
“Nesse sentido, o MMA está na frente dos outros”, elogia o médico, lembrando
que o MMA é o único esporte no mundo que permite a reposição hormonal com
testosterona. “O princípio básico do esporte é os dois atletas estarem em iguais
condições, e (o tratamento) permite isso. Em outras modalidades, parece que o
atleta tem prazo de validade – depois dos 30 anos, tem queda normal de hormônios
e não consegue mais competir”.
Em outubro de 2006, Vitor Belfort foi flagrado nos exames antidoping após a
derrota para Dan Henderson, no Pride. Na época, o lutador alegou que a
substância encontrada em sua amostra de urina (4-Hydroxytestosterone) foi
injetada por seu médico durante uma cirurgia, e ele não tinha conhecimento do
caso. O médico confirmou a história, mas Vitor não escapou da punição.
Para Tannure, no entanto, o fato de Belfort já ter sido flagrado em exames
antidoping não impede que ele requisite a terapia hormonal de testosterona.
“Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não posso julgar o que passou,
pois não fiz parte disso. Isso não impede que ele faça sua reposição hormonal”,
diz o médico da CABMMA. “Só uma coisa, para ficar claro: o Vitor não foi pego no
doping. O resultado dele está dentro da normalidade, com a diferença que ele
está fazendo uso da reposição hormonal”.
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