sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Médico explica liberação de Belfort para usar testosterona no UFC SP

    Belfort nocauteou Bisping no UFC de São Paulo (Foto UFC)


Os resultados do exame antidoping do UFC SP ainda dão o que falar. Thiago Tavares foi flagrado pelo uso de anabolizantes, e Vitor Belfort obteve permissão da Comissão Atlética de Nevada para fazer uso de reposição hormonal de testosterona.
O tratamento rende discussão entre atletas, fãs e especialistas, uma vez que muitos o consideram uma forma legalizada de doping, e a TATAME procurou o Dr. Márcio Tannure, diretor médico da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), para explicar o processo por trás da liberação do brasileiro.
“Nesse primeiro evento, fizemos em conjunto com o UFC. Participamos da coleta da urina e orientação dos atletas, e o exame foi feito no laboratório deles, como é feito normalmente”, explica Tannure, revelando que a CABMMA não participou da bateria de testes que determinou a necessidade de Belfort em fazer uso da testosterona.

    (Foto UFC)
 
“A gente pegou os formulários da Comissão de Nevada e mantivemos a decisão deles. A partir dos próximos eventos (no Brasil), esse processo vai ser feito com a gente”, ressalta.
Na opinião de Tannure, que no dia-a-dia chefia o departamento médico da equipe de futebol do Flamengo, o tratamento com reposição hormonal não pode ser comparado ao doping.
“Usar algo para melhorar sua performance é doping, mas, se o atleta tiver alguma deficiência e não consegue estar em condições iguais ao outro… Independentemente de ele ser atleta ou não, é uma condição terapêutica dele. Ele tem hipogonadismo, tem uma queda de hormônios”, explica o médico. “O cara que faz a reposição está com os níveis (de testosterona) dentro da normalidade. Quem já tem os níveis normais e fizer isso, vai estar acima do permitido”.
Lista de TRT cresce – e passado não importa
Atualmente, diversos lutadores de MMA fazem uso da reposição hormonal – a maioria com mais de 30 anos. Vitor Belfort é o primeiro brasileiro da lista, que conta com nomes como Chael Sonnen, Dan Henderson, Forrest Griffin, Nate Marquardt, Shane Roller e Todd Duffee.

                      (Foto UFC)

“Nesse sentido, o MMA está na frente dos outros”, elogia o médico, lembrando que o MMA é o único esporte no mundo que permite a reposição hormonal com testosterona. “O princípio básico do esporte é os dois atletas estarem em iguais condições, e (o tratamento) permite isso. Em outras modalidades, parece que o atleta tem prazo de validade – depois dos 30 anos, tem queda normal de hormônios e não consegue mais competir”.
Em outubro de 2006, Vitor Belfort foi flagrado nos exames antidoping após a derrota para Dan Henderson, no Pride. Na época, o lutador alegou que a substância encontrada em sua amostra de urina (4-Hydroxytestosterone) foi injetada por seu médico durante uma cirurgia, e ele não tinha conhecimento do caso. O médico confirmou a história, mas Vitor não escapou da punição.
Para Tannure, no entanto, o fato de Belfort já ter sido flagrado em exames antidoping não impede que ele requisite a terapia hormonal de testosterona.
“Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não posso julgar o que passou, pois não fiz parte disso. Isso não impede que ele faça sua reposição hormonal”, diz o médico da CABMMA. “Só uma coisa, para ficar claro: o Vitor não foi pego no doping. O resultado dele está dentro da normalidade, com a diferença que ele está fazendo uso da reposição hormonal”.

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