Os pesos galos Mike Easton e Jared Papazian fizeram a festa da pancadaria por quinze minutos. Já a disputa de pesados que abriu o card principal recolocou Pat Barry na lista dos vencedores com o nocaute sobre Christian Morecraft.
Nas preliminares, Jorge Rivera se aposentou com vitória por nocaute sobre Eric Schafer. De volta ao UFC, Fabricio Morango conseguiu sua primeira vitória na organização ao submeter Tommy Hayden, enquanto Charlie Brenneman repetiu o jogo da vitória sobre Rick Story para bater Daniel Roberts.
Jim Miller (EUA) venceu Melvin Guillard (EUA) por submissão com mata-leão (2:04, R1)
O velho Miller está de volta ao caminho do title shot entre os pesos leves, não sem sofrer um pouco.
Jim sabia que teria que lidar com a pressão inicial de Melvin, talvez o mais forte peso leve em ação no UFC. E a pressão veio rapidamente – e com força. Guillard, que também vinha de derrota, tinha intenção de encerrar o combate cedo e já deixou duas joelhadas voadoras no tronco de Miller nos primeiros 30 segundos. Conseguiu um knockdown com um potente jab de encontro. Atordoado, Miller rapidamente agarrou a perna do oponente tentando levá-lo ao solo. Guillard rapidamente se levantou socando o rosto de Jim. Melvin passou então a machucar o adversário no clinch com socos e uma joelhada. Já com o nariz sangrando, Miller conseguiu travar o oponente no clinch contra a grade e tentou reagir.
Guillard saiu da grade, acertou outra joelhada mas recebeu um potente cruzado de direita como resposta. Miller seguiu na caça e levou outro joelhaço. Em vez de tombar, Jim conseguiu encaixar um double-leg, caindo por cima na meia guarda de Melvin. Mostrando que realmente é um cara duro, Miller montou e rapidamente girou para as costas. Guillard se levantou com o adversário mochilado e cedeu o pescoço. O público foi ao delírio prevendo a virada. Jim travou firmemente os ganchos e puxou Melvin para o chão. A gravata técnica passou rapidamente para um mata-leão. Pela nona vez na carreira, Guillard foi obrigado a desistir.
Miller, que jamais foi nocauteado ou submetido, deu os méritos aos punhos pesados de Guillard:
“Eu não costumo ir a knockdown e ele me derrubou. Ele bate duro. Existem muitos caras nesta categoria de peso e provavelmente muitos não gostariam de lutar com este garoto. Eu encontrei um meio de pegar as costas. Fiz algo que sempre fui capaz de fazer. Estou muito confiante que sou o peso leve mais perigoso do mundo e estou disposto a fazer vocês acreditarem nisso.”A vitória, a décima segunda por finalização na carreira e a quarta no UFC, rendeu o terceiro bônus de submissão da noite para Jim Miller, que embolsou um adicional de 45 mil dólares.
Josh Neer (EUA) venceu Duane Ludwig (EUA) por submissão com guilhotina (3:04, R1)
Neer disse que não teria medo de trocar com Ludwig. Cumpriu a promessa (pelo menos por um tempo).
O Dentista saiu à caça do ex-campeão mundial de muay thai, fazendo Ludwig circular pela periferia do octógono, mas levou um contragolpe com meio minuto de luta. A direita de “Bang” fez Neer dobrar os joelhos e buscar o clinch. Josh levou o oponente para a grade e fez muita força para conseguir uma queda. Ludwig defendeu e ainda deixou uma joelhada de presente.
O kickboxer se empolgou e acelerou o ritmo. Lançou combinações de rápidos socos mesclados com joelhadas no tronco. Uma delas lançou o protetor de Neer ao chão. Luta reiniciada e Josh voltou à caça, sendo alvejado seguidamente em contra-ataques. A situação começava a ficar feia quando Neer encurtou a distância na marra. Foi pego num thai clinch e engoliu mais joelhadas. Numa delas, conseguiu agarrar uma perna de Ludwig, que continuava a lhe socar o rosto. Finalmente Neer conseguiu colocar Duane de costas para o chão e assim expôs a maior dificuldade do oponente. Neer mergulhou na guarda socando. Quando Ludwig tentou se levantar, deixou o pescoço de presente. Josh travou a guilhotina e só soltou quando o árbitro Josh Rosenthal foi avisado que o adversário estava apagado.
Mike Easton (EUA) venceu Jared Papazian (EUA) por decisão majoritária (29-28, 30-27, 28-28)
Quando digo que não troco uma luta de pesos galos por uma de pesados, Easton e Papazian chegam para justificar a escolha.
Os saudosos do PRIDE levantaram do sofá assim que a luta começou. Os atletas rapidamente se engancharam no centro do octógono numa troca neurótica de golpes no thai clinch, lembrando Don Frye vs Yoshihiro Takayama no PRIDE 21. Easton saiu em teórica vantagem quando levou o oponente de costas para a grade, mas Papazian conseguiu reverter a situação. Mesmo sem espaço algum os lutadores conseguiram trocar socos, cotoveladas, joelhadas e, claro, reverter a posição na grade algumas vezes. Mesmo com o clinch ativo, o árbitro Mario Yamasaki mandou os lutadores de volta ao centro do octógono. Easton passou a caçar Papazian, que circulava. Cada vez que a distância era reduzida, os atletas trocavam golpes pesados. O round terminou do mesmo jeito que começou, à la Frye-Takayama. Pelo equilíbrio mostrado nas trocas de golpes e nos clinches, seria de bom tom marcar 10-10, como fez o juiz lateral Jeff Blatnik. Como Easton “andou mais pra frente”, Sal D’Amato e Chris Lee apontaram vantagem para Mike.
A luta seguiu em ritmo acelerado no segundo round, ainda com Easton na caça e Papazian circulando. Depois de algumas boas trocas de golpes, este aproveitou o movimento de um pêndulo para cinturar Easton e levá-lo para a grade. Enquanto Papazian tentava controlar o pulso direito de Easton, os lutadores trocavam joelhadas quando novamente Yamasaki mandou separar. Um minuto depois, lá estavam ambos no clinch na grade. Desta vez Mike conseguiu quedar o adversário, caindo na meia guarda. O Hulk então trabalhou o ground and pound e passou a guarda. Papazian conseguiu se levantar e rapidamente deixou Easton com as costas na grade. Ainda tentou puxar o oponente para a guarda nos segundos finais, mas foi tarde. Easton levou o round por 10-9.
E como começou o terceiro round? Claro, na pancadaria franca. Como se o mundo fosse acabar em cinco minutos, Easton e Papazian trocaram socos e chutes até a luta grudar em novo clinch. Desta vez com razão, Yamasaki separou os atletas por causa de uma joelhada nos genitais aplicada por Easton. Quando o combate reiniciou, pela primeira vez Papazian saiu à caça de Easton, que procurou a queda. Jared defendeu e a grade voltou a ser o habitat. Disposto a resolver a luta, Papazian forçou a volta ao centro e os lutadores novamente trocaram golpes selvagens, com direito a novo clinch Frye-Takayama. Quando o cronômetro se aproximava do minuto final, Papazian tentou uma joelhada no clinch e foi empurrado ao chão. Os segundos finais reservaram nova troca insana, desta vez com clara vantagem para Papazian, que venceu o round por 10-9.
Na minha contagem extra-oficial, o resultado final seria um empate de 29-29, o mesmo marcardo pelo juiz Jeff Blatnik. Porém Sal D’Amato e Chris Lee apontaram vitória para Eastman, que levou por decisão majoritária. Um deles marcou 29-28, resultado aceitável, visto que o primeiro round foi equilibrado e pode ter ido para Mike. O problema foi o 30-27 marcado pelo outro juiz…
Patrick Barry (EUA) venceu Christian Morecraft (EUA) por nocaute (3:38, R1)
Conhecido por entregar lutas ganhas, Barry finalmente fez o contrário na noite passada.
Pat começou tentando estabelecer a distância para minimizar o enorme prejuízo de altura para o oponente. Ao aplicar um chute baixo, teve a perna capturada por Morecraft, que levou a luta para o solo. O grandalhão tentou um mata-leão todo torto, perdeu a posição e viu o combate voltar ao centro, novamente de pé. Barry mesclava boas direitas com chutes baixos quando Morecraft voou nas pernas, levou para a grade e dali para o chão com um double-leg. Caiu por cima, montou, encaixou um katagatame e deixou Barry se safar. O baixinho girou, deu as costas e acabou preso numa chave de braço muito firme. Mostrando a evolução dos treinos com Rodrigo Comprido, Pat passou por cima de Christian, tirou o braço da enrascada e se levantou.
De volta ao centro, os lutadores trocaram alguns poucos golpes na longa distância. Num deles, Barry disparou um cruzado violentíssimo de esquerda que destruiu o nariz de Morecraft, mandando-o à lona praticamente desacordado. Desta vez sem perder a oportunidade, Pat acertou três petardos no ground and pound. Herb Dean, muito mal colocado, demorou a chegar para interromper a luta. Morecraft ficou uns bons minutos no chão recebendo atendimento.
Esta foi a primeira vez que Barry venceu no UFC quando o oponente tentou uma submissão. Nas outras três vezes em que ficou preso a alguma posição de jiu-jitsu, sucumbiu em todas (para Stefan Struve, Mirko Cro Cop e Tim Hague). A luta foi bonificada como a melhor da noite, de acordo com o UFC. Barry e Morecraft levaram 45 mil dólares, enquanto Easton e Papazian devem ter ficado sem entender nada.
Preliminares: Jorge Rivera se aposenta com vitória; Fabricio Morango retorna e vence a primeira
Jorge Rivera havia anunciado que se aposentaria após o UFC On FX 1, qualquer que fosse o resultado da luta. A um mês de completar 40 anos, o peso médio deixou uma boa última impressão. Mas não foi fácil. Jorge foi quedado por Eric Schafer, controlado no ground and pound e perdeu o primeiro round. Voltou disposto a mudar a história no segundo. Acertou um petardo que fez o oponente dobrar os joelhos. Sentindo cheiro de sangue, o Conquistador partiu para o ground and pound, obrigando o árbitro Herb Dean a interromper a luta.
Numa luta marcada por insanas trocas de golpes e muitos socos passando no vazio, o estreante russo Khabib Nurmagomedov manteve-se invicto ao finalizar o iraniano Kamal Shalorus no terceiro round. Nurmagomedov mandou o oponente a knockdown no primeiro quando levava prejuízo no combate. Depois disso, Shalorus claramente se perdeu na luta, inclusive sendo superado no wrestling, sua principal virtude. No terceiro, o russo quedou, tentou uma guilhotina, passou a guarda, montou, pegou as costas e finalizou com um mata-leão.
Charlie Brenneman se recuperou do duro nocaute sofrido contra Anthony Johnson. Usando a mesma tática que lhe rendeu o triunfo sobre Rick Story, Brenneman abusou das quedas e ground and pound para controlar Daniel Roberts. A vitória veio por decisão unânime, apesar de um juiz lateral ter conseguido a proeza de enxergar um round para Roberts.
Único brasileiro em ação no evento, Fabricio Morango conseguiu sua primeira vitória no UFC. Ele superou um começo agressivo de Tommy Hayden para pegar o faixa preta de Jorge Gurgel num mata-leão no minuto final do round inicial.
O quarto mata-leão da noite foi aplicado por Daniel Piñeda, que tirou a invencibilidade do também estreante Pat Schilling. A vitória veio com 1:37 do primeiro round.
Outro estreante que fez bonito foi Nick Denis. Ele precisou de apenas 22 segundos para pegar Joseph Sandoval no thai clinch e encher o oponente de cotoveladas. A vitória lhe rendeu o bônus de nocaute da noite.
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