terça-feira, 9 de julho de 2013

ENTREVISTA DE ROGER GRACIE À GRACIEMAG APÓS DERROTA PARA TIM KENNEDY

O peso médio Tim Kennedy solta o chute baixo contra Roger Gracie, no UFC 162. Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC via Getty Images.


Com a lataria levemente avariada, o campeão de Jiu-Jitsu Roger Gracie, 31 anos, compra um lanche no aeroporto enquanto aguarda seu voo para Londres. O atleta do UFC atende o celular e, com a voz reflexiva e serena, comenta a estreia com derrota no último sábado, em Las Vegas, por decisão unânime dos jurados, para o americano Tim Kennedy, também ex-Strikeforce.

“Faltou o gás”, ele resume logo ao atender, simples e direto como seu jogo no chão.
Em conversa, ele detalha as razões do cansaço e os pontos principais da luta. E falou até do medo de ser nocauteado.


GRACIEMAG: No solo a luta não foi nada mal, e você pôs o Tim para baixo duas vezes no primeiro assalto. O que faltou para finalizar ali?
ROGER GRACIE: Foi mérito do Tim Kennedy, ao defender bem as costas e o pescoço. Com a luva não é tão fácil finalizar, ele foi me impedindo de escorregar a mão. Percebi que o estrangulamento estava complicado, então esperei até que faltasse uns 20 segundos para o fim do primeiro assalto para dar um bote ou no katagatame ou no braço dele. O Renzo estava cantando o tempo do round e eu estava ligado. Não queria correr o risco de o golpe escorregar e eu ficar por baixo muito tempo, por isso esperei os últimos 20 segundos. Mas não consegui ajustar e ele acabou saindo. Mas ainda nem assisti à luta na real, não deu tempo.

Quando você começou a sentir o cansaço?
No segundo assalto, no intervalo, eu senti que meu corpo não recuperou. Fui cansando e não sentia a recuperação vindo. Foi um reflexo da perda de peso ainda. É um procedimento a que meu organismo parece ainda estar se acostumando. Na primeira vez que baixei para 84kg, cansei muito. Mas na última luta eu senti que estava muito bem ali. E desta vez, eu fiquei até mais leve, perdi o peso sem problemas durante a semana, e achei que no sábado estaria normal. Mas no dia da luta ainda me senti cansado. É rever o treinamento. Não penso em subir de categoria, preciso me acostumar a essa luta com a balança.

Como sua cabeça se portou na hora que o oxigênio acabou? Você ainda conseguiu uma queda no terceiro assalto, mas sem forças…
No primeiro round, fiz aquela força ali para segurá-lo e depois para derrubar duas vezes. No segundo round, teve um embolo em que ele ficou por cima e precisei me desgastar para reverter. Depois da metade do segundo round começou o Deus nos acuda. Fiquei tão cansado que achei que eu ia cair se ele viesse com tudo para nocautear. Eu estava exausto. Mas acho que ele se cansou um pouco também e não me acertou tanto.

No Jiu-Jitsu, você ficou reconhecido por reverter as situações adversas e não parar jamais, mesmo após derrotas na faixa-preta – como, por exemplo, em seu primeiro Mundial, quando perdeu a final para o Pé de Pano. E agora no UFC?
Vai ser assim também. Vou para casa rever a família e devo voltar a treinar essa semana mesmo. A rotina não para, a busca por me tornar um lutador melhor continua. Vou me fortalecer com as lições. Em agosto vou ao Brasil, para acompanhar o Lyoto Machida em sua luta no Rio, no UFC 163 (contra Phil Davis).



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