Com a lataria levemente avariada, o campeão de Jiu-Jitsu Roger
Gracie, 31 anos, compra um lanche no aeroporto enquanto aguarda seu voo
para Londres. O atleta do UFC atende o celular e, com a voz reflexiva e
serena, comenta a estreia com derrota no último sábado, em Las Vegas,
por decisão unânime dos jurados, para o americano Tim Kennedy, também
ex-Strikeforce.
“Faltou o gás”, ele resume logo ao atender, simples e direto como seu jogo no chão.
Em conversa, ele detalha as razões do cansaço e os pontos principais da luta. E falou até do medo de ser nocauteado.
GRACIEMAG: No solo a luta não foi nada mal, e você pôs o Tim
para baixo duas vezes no primeiro assalto. O que faltou para finalizar
ali?
ROGER GRACIE: Foi mérito do Tim Kennedy, ao defender
bem as costas e o pescoço. Com a luva não é tão fácil finalizar, ele
foi me impedindo de escorregar a mão. Percebi que o estrangulamento
estava complicado, então esperei até que faltasse uns 20 segundos para o
fim do primeiro assalto para dar um bote ou no katagatame ou no braço
dele. O Renzo estava cantando o tempo do round e eu estava ligado. Não
queria correr o risco de o golpe escorregar e eu ficar por baixo muito
tempo, por isso esperei os últimos 20 segundos. Mas não consegui ajustar
e ele acabou saindo. Mas ainda nem assisti à luta na real, não deu
tempo.
Quando você começou a sentir o cansaço?
No segundo assalto, no intervalo, eu senti que meu corpo não
recuperou. Fui cansando e não sentia a recuperação vindo. Foi um reflexo
da perda de peso ainda. É um procedimento a que meu organismo parece
ainda estar se acostumando. Na primeira vez que baixei para 84kg, cansei
muito. Mas na última luta eu senti que estava muito bem ali. E desta
vez, eu fiquei até mais leve, perdi o peso sem problemas durante a
semana, e achei que no sábado estaria normal. Mas no dia da luta ainda
me senti cansado. É rever o treinamento. Não penso em subir de
categoria, preciso me acostumar a essa luta com a balança.
Como sua cabeça se portou na hora que o oxigênio acabou? Você ainda conseguiu uma queda no terceiro assalto, mas sem forças…
No primeiro round, fiz aquela força ali para segurá-lo e depois para
derrubar duas vezes. No segundo round, teve um embolo em que ele ficou
por cima e precisei me desgastar para reverter. Depois da metade do
segundo round começou o Deus nos acuda. Fiquei tão cansado que achei que
eu ia cair se ele viesse com tudo para nocautear. Eu estava exausto.
Mas acho que ele se cansou um pouco também e não me acertou tanto.
No Jiu-Jitsu, você ficou reconhecido por reverter as
situações adversas e não parar jamais, mesmo após derrotas na
faixa-preta – como, por exemplo, em seu primeiro Mundial, quando perdeu a
final para o Pé de Pano. E agora no UFC?
Vai ser assim também. Vou para casa rever a família e devo voltar a
treinar essa semana mesmo. A rotina não para, a busca por me tornar um
lutador melhor continua. Vou me fortalecer com as lições. Em agosto vou
ao Brasil, para acompanhar o Lyoto Machida em sua luta no Rio, no UFC
163 (contra Phil Davis).
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